
Toda a pluralidade e a democracia da internet criam barreiras sociais entre as pessoas, pois o mundo virtual trás a falsa sensação de conjunto, auto-suficiência que cai por terra quando um internauta fixado na rede, precisa se relacionar pessoalmente com alguém. As relações estão ficando impessoais, pois com as novas mídias não é mais necessário mais conhecer bem uma pessoa para ela conhecer seus segredos ou dados pessoais.
Segundo Dominique Wolton – “Há um descompasso entre a velocidade e o volume de informações aos quais temos acesso todos os dias e nossa capacidade de se comunicar. As informações avançam rápido, já a comunicação, muito devagar. Identificamos erroneamente as técnicas de comunicação ao progresso, e esquecemos a complexidade do homem”.
Estamos esquecendo que o ser humano precisa mais do que relações impessoais, não queremos mais parar para conversar e discutir. Colocamos tudo na rede, nas mídias e esperamos que o outro compreenda, da mesma forma que pensamos quando escrevemos, isso gera ruídos e é ai que a complexidade da comunicação se faz valer.
A falta de intermediação da web gera a sensação de que podemos saber de tudo, a qualquer hora, em qualquer lugar. Sensação falsa essa, pois só iremos nos aprofundar naquilo que pesquisarmos a fundo. A democracia é utópica e é isso que Dominique Wolton critica , “porque se você não tem intermediários, é o dinheiro e as minorias que dominam. Não existe democracia sem intermediários: políticos, jornalistas, professores, médicos...”
Não podemos dizer a internet é de todo mau, mas, se não usada com moderação, visando somente nosso bem, ela pode se tornar uma arma anti-social e enganosa, nos levando a acreditar que existe democracia onde somente a minoria que tem acesso a essa mídias dominam.
Fontes:
ENTREVISTA / DOMINIQUE WOLTON
A desconstrução das utopias digitais
Por Bolívar Torres em 28/4/2010